Pela característica de ser dançante e ao mesmo tempo romântico, o ritmo vem ganhando espaço dentre as modalidades de dança de salão
Um ritmo latino, com origem na República Dominicana e bem dançante. Estamos falando da bachata, dança já conhecida do brasileiro, mas que vem ganhando cada vez mais espaço. Dançado a dois, a bachata tem como influência o merengue na sua marcação, pisada e expressão corporal, além de ser também um híbrido do bolero.
A professora de dança de salão Rosaly Afonso é especializada em bachata. Iniciou seus estudos em 2009 e está há 11 anos atuando na área artística, passando por diversas escolas do Recife (PE). Participou de eventos como o Porto Alegre Salsa Congress, Brasil Latin Open e Brasil Bachata Festival, onde fez aulas com vários nomes importantes no cenário da bachata mundial.
Hoje, ela tem turmas específicas de bachata em algumas escolas do Recife, como Lunar Studio de Dança, Aneska Studio de Dança e Corpo & Expressão Escola de Dança, além de liderar dois grupos: o Team Bachata Ladie e o Grupo de Estudos Coreográficos de bachata. Segunda a dançarina, a bachata é um ritmo alegre e, acima de tudo, muito romântico.
“É para ser dançado, principalmente, numa ‘projeção redonda’, podendo girar o salão”, afirma. O caráter romântico também é ressaltado pelo dançarino Stéphane Massaro. “É uma ‘irmã’ do merengue. A bachata é um ritmo semelhante à salsa, só que mais lenta. Ela é, digamos assim, mais emocional, mais romântica”, afirma.
Stéphane é francês e tem formação em danças europeias e dança de competição. Veio para o Brasil e foi para a Europa divulgar as danças latino-americanas, como a bachata. Dá aulas do ritmo desde 1998. Relata que veio para o Brasil em 2005, mas só em 2014 foi que a bachata “pegou” no país.
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De acordo com Rosaly Afonso, a bachata se divide em estilos distintos que se destacam como principais:
Bachata Dominicana – É literalmente a raiz da bachata, portanto não há influência de outros estilos. É desenvolvida com bases e suas variações de marcações e projeções.
Bachata Urbana – Nesse estilo há influência da salsa. É desenvolvida, além das variações de bases e projeções, também com movimentos de giros, travas, lançamentos de braços.
Bachata Sensual – Nesse estilo há a influência do zouk. É desenvolvida com todos os requisitos da bachata urbana, acrescentando também e principalmente, a desassociação corporal: movimentos variados de quadril e tronco, mais amplos e movimentos de cabeças e chicotes, e suas variações.
“Gosto de simplificar um pouco mais essas divisões entre bachata dominicana, que é a ‘bachata raiz’, que não sofreu nenhuma influência de outros estilos, e bachata fusion, onde eu coloco as características base do ritmo e mesclo com outros estilos de dança como citado anteriormente: salsa, zouk, hip hop etc.”, explica Rosaly.
A bachata é um ritmo quaternário, ou seja, marcado de quatro em quatro tempos. A base da bachata, ou qualquer variação da mesma, é feita e contada de um a oito tempos. Stéphane Massaro exemplifica alguns passos e fala sobre a evolução do ritmo na parte da dança.
“Vamos dizer que os passos têm uns bases, base lateral, base a frente, base girando, mas também isso evoluiu com o tempo. Se for ver a bachata básica original, ela fica juntinho, tipo o zouk ou lambada. Juntinho corpo, sem giro, tipo merengue. Pouco a pouco virou para uma dança mais separada e que deu essa abertura para o mundo europeu, o mundo fora do mundo latino”, diz o dançarino.
Ele explica que na Europa as pessoas não estão acostumadas a ficarem juntas com o corpo. “Essa parte de ficar mais separado deu mais abertura nos giros, mais abertura nas trocas de ritmo, mais abertura na própria liberdade de um e do outro. A mulher tem uma liberdade de dança, o homem tem outra liberdade de dançar que não tinha quando era juntinho”, conta Stéphane.
Especificamente sobre os passos, Rosaly Afonso complementa. “A bachata é um ritmo, principalmente, para ser dançado redondo no salão e para deslocamento do mesmo. Existem vários passos que podem ser realizados dessa forma. Um passo bastante marcante é quando o cavalheiro, abraçado a dama, pisa com a esquerda a frente a volta, no caso da dama, direita atrás e volta, e em seguida, o cavalheiro faz um giro com a dama no lugar em 4 tempos. Toda essa movimentação dá um total de 8 tempos”, explica.
Já sobre os instrumentos que compõem a música, Rosaly conta que os principais são violão requinto, guitarra, baixo, guira e bongôs. Em uma música de bachata mais moderna, podem ser acrescentados outros instrumentos, como piano e violino.
A dança de salão no Brasil é bastante conhecida e praticada. Dentro dessa modalidade, a bachata vem ganhando seu espaço. No Recife, as escolas de dança estão investindo no ritmo com uma boa procura, como relata o professor de dança de salão Iodozonay Costa, diretor da escola Jaime Arôxa Recife. “A bachata foi acrescentada em nossa grade no ano de 2017 e vem, desde então, tendo um interesse muito bom em sala de aula”.
Além das turmas regulares, todos os anos temos aulas e workshops com professores internacionais, um deles o francês Stéphane Massaro, que vem ao Recife sempre trabalhar com a bachata. Hoje, podemos dizer que a bachata é um dos ritmos que se dançam mais em todos os países”, afirma.
O motivo pelo qual a bachata conquistou os brasileiros são relatados pelos professores especialistas. “Nós aqui do Nordeste temos uma característica bem interessante. Nós temos o brega, que por sua vez trabalha a sensualidade e o ritmo marcado, que também vemos na bachata”, lembra Iodozonay.
Essa característica também é ressaltada por Rosaly: “por não ser um ritmo brasileiro, nem todos conhecem. Mas como é um ritmo dançado a dois, a própria cultura da dança de salão vem se encarregando de disseminar esse ritmo. Muitos cantores de brega de Recife usaram músicas de bachata, do grupo Aventura, para fazer suas versões e ganharem fãs”, exemplifica.
Stéphane Massaro ressalta outros pontos que contribuíram com a disseminação da bachata. “Eu acho que o principal interesse da bachata no Brasil é que ela é muito parecida ritmicamente e musicalmente com o bolero, que é uma dança de salão que é muito dançada, que aliás é a primeira dança que as pessoas aprendem em uma escola de dança de salão”.
“Então, ritmicamente, a bachata é muito próxima do bolero. O brasileiro, o latino ele tem essa coisa de dançar pela emoção e quando tem uma música que dá emoção, dá sensibilidade, sensualidade, é claro que o brasileiro vai se encontrar nessa música. Ela é uma coisa sensual, é uma coisa de relacionamento com o parceiro. Assim, a bachata traduz o que você sente pelo gestual, o que você sente no coração você atravessa e traduz pelos movimentos. Isso é o dançarino da bachata, o dançarino da sensualidade, o dançarino brasileiro”, finaliza o dançarino francês Stéphane Massaro.
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Texto: Fabiana Almeida
Edição: Maíra Passos
1 Comentários
2021-01-03 18:43:51
Adorei sou de recife professora Katia campus da CIA Katia Campos Dança de salão, gostaria de divulgar o forró com vocês
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