Já dançou kizomba? Conheça esse estilo de dança de salão
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  • Michael Sorriso | FOTO: Charly Bulacios
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Sensualidade e conexão corporal típica da dança de origem africana desperta interesse e ganha espaço nas escolas de dança de Pernambuco

Texto: Fabiana Almeida
Edição: Maíra Passos

Uma dança que literalmente significa festa. Você sabe de que ritmo estamos falando? É a kizomba, gênero musical e de dança que surgiu em Angola, na África, em meados dos anos 80. Caracterizado pelo abraço, a sensualidade rítmica e conexão de dois corpos, a dança vem ganhando cada vez mais adeptos e conquistando os brasileiros.

No Recife não é diferente. A kizomba está presente em academias de dança e, além disso, dançarinos vindos da Angola desenvolvem um trabalho na cidade oferecendo workshops e proferindo palestras sobre o ritmo. É o caso de Geovany Carlos e Milton Gabanne, que nasceram e viveram no berço da kizomba e aportaram no Brasil, em 2010 e 2014, respectivamente.

Os angolanos nativos contam mais sobre a origem da dança. “A palavra kizomba vem da língua quimbundo, que significa ‘festa’, por isso mesmo, a kizomba está intimamente ligada à festa do povo negro que resistiu à escravidão. Essas festas eram um grito de liberdade, mas também momentos de grande confraternização. Não é de estranhar então que a dança kizomba tenha sido introduzida às massas por uma banda angolana pertencente às Forças Armadas Popular de Libertação de Angola (FAPLA)”, explica Geovany.

“Reconhecido como um ritmo africano, a kizomba surge num continente com um diverso histórico musical, sendo que nos anos 50 e 60 já se ouvia falar das chamadas kizombadas, grandes festas onde se reuniam inúmeros estilos musicais angolanos, como o Merengue, o Semba, a Maringa e o Caduque”, lembra Gabanne.

Confira vídeo com demonstração de KIZOMBA exclusiva para NA PONTA DO PÉ! 💃 Com os dançarinos e professores Aneska França e Michael Sorriso. 

Sobre as kizombadas, Geovany completa. “A kizomba, como dança, tem origem exatamente nessas farras, com dançarinos de renome, como Mateus Pele do Zangado, João Cometa e Joana Perna Mbunco ou Jack Rumba, que eram os mais conhecidos e escreviam no chão as passadas notórias dos seus estilos de exibição ao ritmo do Semba”.

A sensualidade, o abraço, a conexão entre os corpos e o contato físico constante, características marcantes da kizomba, atravessaram fronteiras e chegaram ao Brasil, fazendo com que a dança fosse difundida no país. A professora de dança de salão Alessandra Timóteo, conta como teve seus primeiros contatos com a kizomba. “Sempre assisti muitos vídeos de casais dançando no youtube, até encontrar um casal dançando kizomba e comecei com as pesquisas”.

“No início de 2016, conheci uma turma que iniciou com aulas de kizomba, em Candeias, Jaboatão dos Guararapes (PE), e me tornei parte da equipe de monitores. Mas posso dizer que conheci a kizomba, de verdade, através do Mestre Petchú, angolano, criador do método de ensino da kizomba no mundo inteiro. Ele ministrou um curso para professores em 2018, em São Paulo, no qual participei”, recorda Alessandra.

Atualmente, Alessandra dá aulas de kizomba na Biazzi Escola de Dança e Centro Cultural (EDCC), em Boa viagem, Recife. Outro dançarino brasileiro que teve contato com a kizomba e hoje trabalha com o ritmo é Michael Sorriso. “Conheci a dança nas festas africanas que aconteciam na Universidade Federal de Pernambuco, com os africanos que vinham estudar aqui. Hoje, dou aulas de kizomba no Studio Aneska, no Recife, e na Academia Passos e Compassos, em Jaboatão”, diz Michael.

Passos e marcação da kizomba

Segundo o angolano Geovany Carlos, para falar sobre os passos característicos do kizomba é necessário falar de suas influências, especificamente do semba, considerado o responsável pelo sucesso dos ritmos angolanos que atualmente têm tantos seguidores, como o kizomba e o kuduro. “Existem imensos passos de Semba que, no entanto, na maior parte dos casos, são ensinados juntamente com as passadas de kizomba”, explica.

A proximidade do semba também é destacada por Alessandra. “A Kizomba é uma dança de passos curtos e passadas lentas, alguns passos idênticos aos de semba, mas com outra interpretação e identidade própria, e tem como passos principais o ‘corridinho’, ‘cavalinho’, as saídas laterais, a vírgula e as estrelas”, cita.

Ainda sobre os passos, o angolano Milton Gabanne acrescenta. “Existem três maneiras de dançar kizomba: ‘passada’ (estilo clássico), ‘tarraxinha’ e ‘quadrinha’. Idealmente dançada em pares, existe, no entanto, a kizomba acrobática, normalmente executada por dois homens. Extremamente íntima, a kizomba proporciona uma enorme cumplicidade entre homem e mulher, sendo dançada com grande proximidade, com movimentos lentos, sensuais e insistentes”.

A kizomba requer bastante flexibilidade de joelhos, uma vez que os dançarinos recorrem a movimentos verticais frequentes, alternando entre o sobe e desce das pernas. Esse aspecto também é destacado por Michael Sorriso: “é sempre importante antes de partir para outro movimento, durante a transição, executar marcação com a perna esquerda (homens) e direita (mulheres)”.

Além da proximidade com o semba, a kizomba também é considerada semelhante ao zouk. Segundo Gabanne, os ritmos são confundidos, não só aqui como em outros países, como Portugal, por exemplo. “É normal porque são danças parecidas, que esbanjam expressão corporal, mas a kizomba tem uma conexão maior”, defende.

Essa conexão e a relação do abraço é ressaltada por Alessandra. “Eu sempre abro um espaço nas aulas para deixar bem destacado o quanto o abraço, a sensualidade rítmica e conexão dos dois corpos fazem toda diferença na execução dos movimentos na kizomba. Chama muita atenção um casal que consegue se entregar por completo na dança e deixam o corpo falar, expressar a kizomba, tornando uma característica principal, na minha concepção”.

Reconhecimento e expansão

Esse aspecto da sensualidade e ligação corporal é apontado pelos professores e especialistas como o motivo principal que está levando a kizomba a ser conhecida e praticada cada vez mais pelos brasileiros. Academias de dança de salão têm implementado a kizomba na sua programação de aulas.

“Existe o aumento dessa procura, principalmente com a expansão da kizomba na Europa e com a revelação de grandes nomes de amantes do ritmo que vem conquistando cada vez mais os brasileiros. Apesar do abraço mais apertado e passos mais lentos e precisos, a consciência corporal para se transformar num ‘kizombeiro’ tem deixado as pessoas curiosas se perguntando como é que faz para deixar seu corpo assim”, aponta Alessandra.

Segundo ela, a procura é ainda maior no público feminino, devido as movimentações de sensualidade e empoderamento nas atitudes da dama ao dançar kizomba, não só em casal, mas nas danças solo também. O envolvimento da dança também é um aspecto destacado por Michael para o aumento do interesse. “Está tendo uma procura maior. Acho que o povo brasileiro, por ter muitas origens africanas, tem essa conexão forte com o ritmo e também”.

O interesse pela kizomba não está só na Região Metropolitana de Recife. Chegou também no interior de Pernambuco. “Recentemente, realizei um workshop em Macaparana e foi muito maravilhoso. As pessoas já estavam bem conectadas”, diz Gabanne. Para expandir ainda mais a kizomba no Brasil, a formação de professores capacitados que invistam no estilo e na cultura é apontado como primordial.

“Ainda há muito espaço para a kizomba se expandir. Acho que daqui a uns quatro, cinco anos a kizomba vai conquistar mais estados. A kizomba é uma dança do futuro. Daqui para frente vai ser uma dança que vai se comentar muito. Eu acho que mais pela ligação corporal, pela energia que passam um para o outro”, projeta Gabanne.

Essa energia é unânime entre aqueles que praticam a kizomba. “Os eventos de kizomba têm uma energia diferente, só quem participa consegue entender o que eu estou falando. Estudar kizomba vai além do aprender a dançar. É sentir”, exalta Alessandra. E Michael completa: “a dança e música kizomba prende a atenção. É muito mágico dançar kizomba. Se conectar através desse ritmo é maravilhoso”.

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* Publicação original postada em 02/08/19




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Fabiana Almeida

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