A arte cubana em solo pernambucano
  • Luis Ruben | FOTO: Arquivo pessoal
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  • Luis Ruben / FOTO: Acervo pessoal
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A nossa série Na ponta dos pés deles conta sobre a vida de mais um bailarino apaixonado pela dança clássica: Luis Ruben Gonzalez

| Texto: Marília Ferreira |

Talento, experiência e paixão pela dança definem o personagem que dá continuidade a série “Na ponta dos pés deles”. Em 22 anos dedicados a dança, o bailarino e professor Luis Ruben Gonzalez é enfático sobre o que a dança representa na sua vida: “Tudo, é minha família, meu patrimônio, se eu construí alguma coisa na minha vida foi isso, minha dança, minha arte!”. Foi em Cuba, celeiro de grandes talentos da dança , mais  precisamente em Santa Clara, sua cidade natal, onde deu os seus primeiros passos no balé clássico aos 9 anos de idade.

Após se formar com o diploma de bailarino-professor pela Escola Nacional de Ballet de Havana em 1999, ingressou na Companhia de Ballet Clássico de Camaguey. Ao longo de sua carreira, Luis participou de vários festivais, trabalhou com grandes nomes da dança e desempenhou papéis importantes como solista em montagens da clássica à contemporânea.

No Brasil, o bailarino chegou para aplicar a metodologia  cubana, que consiste em uma técnica adaptada ao biotipo físico latino e sua forma de dançar. “Quando eu tinha 22 anos fui contratado por uma escola de Maceió para inserir o método cubano, depois fui contratado para trabalhar em um projeto social em Mato Grosso”, recorda. Morando há 7 anos na Capital Pernambucana, ele diz que uma das razões para ter ficado no Recife foi a “atmosfera artística” da cidade, “gostei de Recife por ser primeiro uma cidade do nordeste parecida em muitos aspectos com meu país e por ter tanto talento e apreciadores da arte”.

[Vídeo do acervo pessoal de Luis Ruben]

Nesse período morando na terra do frevo , Luis avalia a necessidade de profissionalismo com que deve ser encarado o balé localmente. “Acho que, sobretudo o Nordeste, precisa de profissionais formados de verdade na área para passar adiante de forma profissional e não amadora”, afirma. E foi com base nesse pensamento que, em 2008, ele criou o Ballet Gonzalez, escola que tem por objetivo principal a formação profissional de bailarinos, uma experiência marcada por desafios e motivações.

Assumir a posição de professor e ter que lidar com alunos em formação se mostra um exercício constante de aprendizado, já que há quem encare a dança com a seriedade necessária à formação profissional. “É uma luta, os desafios são muitos como qualquer educador ou professor de ballet do mundo, mas o pior é lidar com a mentalidade, os alunos não têm disciplina e nem querem fazer o processo como se faz em todo o mundo, eles querem dançar de qualquer forma e não se dedicam o suficiente, tem academia que não se preocupam com isso e colocam qualquer coisa no palco e ainda elogiam e incentivam ao amadorismo, uma das minhas lutas é mostrar como e em que realidade se forma um bailarino”, desabafa.

Para o professor, a dança clássica sofre também com o amadorismo e com a falta de vontade política. “Se o cenário da nossa arte já é crítica no Brasil, no Nordeste e em Pernambuco é muito pior”, opina. Ainda de acordo com sua análise, vale perceber como o estilo ainda está distante do universo imaginativo e corporal de grande parte da população e logo, de potenciais talentos. A criação de um Ballet Municipal seria a principal medida para o fortalecimento da dança em Pernambuco. “Um dos meus maiores desafios é fazer um trabalho de base que a partir dele poder criar um corpo de baile que possa representar o estado, como tem no Rio, São Paulo e até em Natal (risos). É uma piada, mas Recife não tem e nem tem material para criá-lo”, avalia.

[Vídeo do acervo pessoal de Luis Ruben]

Na ponta dos pés dele

O balé clássico surgiu na Itália resultante de um processo de transformação dos balés de corte. Nesse início, apenas os homens dançavam e as mulheres somente conseguiram espaço com o passar do tempo. Houve uma mudança cultural e o balé passou a ser considerado como uma dança feminina e feminilizante, pois a presença masculina no estilo, atualmente, ainda é marcada por estigmas e estereótipos. “O maior problema para o menino na dança é o preconceito, social e sexual, ele já vem de dentro de casa, os próprios pais não estimulam e criticam, então eles não imaginam na hipótese de entrar mesmo tendo vontade ou vocação”, conta o bailarino Luis Rubem.

Tal problema acaba afastando ou então promovendo um acesso tardio dos meninos à dança, salientando que o balé é uma carreira efêmera e pouco valorizada socialmente e financeiramente, esses jovens, mesmo tendo algum potencial, logo perdem espaço. A sociedade brasileira, ainda considerada machista por parte da população, tem uma realidade um pouco mais complicada do que a cubana, pois a profissão de bailarino em Cuba é valorizada e muito bem conceituada socialmente. Sobre essa situação Luis Ruben diz: “não passei por nenhum desses problemas, tive a sorte de nascer em um país com outra cultura e que valoriza o ensino e a cultura em todas suas manifestações, por isso fiquei em Recife para tentar trabalhar dessa forma e mostrar uma outra forma de poder conseguir bons resultados”.

Assim, não desanimem meninos! Na Ponta do PÉ vai continuar compartilhando histórias como essa para inspirá-los. É só continuar seguindo nossa série Na ponta dos pés deles. 

E acesse os outros posts da série aqui! 




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Maíra Passos

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    2 Comentários

    Adriana Bandeira

    2014-07-17 16:46:18 Responder

    Que inspiração! Uma bela atitude de um artista talentoso, inteligente e visionário. Desejo muita saúde nessa batalha diária… Viva a arte!

    Luana Leal

    2014-08-06 20:02:09 Responder

    Tive o prazer de conhecer um pouco do trabalho desse profissional recentemente e fiquei impressionada com a qualidade técnica , a virtuosidade dos bailarinos e a humildade dos alunos e profissionais da escola. Sou de São Paulo e aqui na região sudeste existem grupos excepcionalmente bons, porém também é frequente, principalmente quando trata-se de iniciativa pública. esse incentivo ao amadorismo. É comum as pessoas justificarem a falta de qualidade com argumentos vazios em nome de uma suposta evolução da dança ou argumentarem que nosso país possui uma educação menos rigorosa que os europeus e por isso permitem-se alunos sem disciplina, coreografias pobres, técnica pouco apurada, figurinos e músicas incoerentes com a dança clássica, etc. É claro que o ballet evoluiu em sua forma e mudou ao longo dos anos, mas há uma grande massa de grupos, cias e escolas trabalhando com baixa qualidade na dança e tendo seu trabalho enaltecido e premiado em festivais, causando assim um acomodamento por parte desses grupos e dificultando trabalhos mais coerentes e comprometidos com a excelência do ballet clássico.
    A iniciativa privada acaba obtendo melhores resultados nessa área por estar mais comprometida com qualidade que a iniciativa pública que visa objetivos de curto prazo (normalmente quatro anos de mandato, no máximo) mas acredito em utilizar a máquina pública para grandes feitos como um corpo de baile municipal e luto por isso na cidade em que trabalho que não é a capital.
    Iniciativas como o trabalho do Luis e esse blog são essenciais para o sucessos desses ideais pois trocamos informações e aprendemos uns com os outros e corrigimos nossas falhas afim de melhorar a cena de dança do nosso país.
    Obrigada pela matéria, muito inspiradora.

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